Obras de Misericórdia Espirituais


Consolar

Consolar (Aliviar o sofrimento dos aflitos)


Nosso Senhor Jesus Cristo nos deu muitos exemplos de consolação, especialmente o seu esforço em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). Paulo, fiel apóstolo de Jesus, inicia sua segunda carta aos Coríntios dizendo: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação, que nos conforta em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estão em qualquer angústia!” (2Cor 1, 3-4).


Todos nós enfrentamos na vida momentos de aflições e sofrimentos, às vezes em consequência dos nossos próprios erros, outras vezes por perdas, enfermidades, problemas pessoais ou familiares. Nesses momentos precisamos de consolação. Da parte de Deus ela vem com certeza, pois consolar é atributo de Deus. Em Isaías encontramos Deus comparado a uma mãe: “Como uma criança que a mãe consola, assim eu vos consolarei em Jerusalém” (Is 66,13). Mas aliviar, diminuir a dor ou o sofrimento moral e espiritual deve acontecer também da parte dos irmãos, como recomenda São Paulo: “Consolai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros.” (1Tes 5, 11).


Porém, o mundo está cada vez mais povoado. Pessoas vão e vêm se esbarrando nas ruas, repartições e elevadores, mas quase ninguém se conhece muito menos compartilha suas experiências. Solitários em meio à multidão, pouco falamos dos nossos sentimentos e menos ainda ouvimos os outros. Não há tempo. Não queremos arrumar tempo, pois ouvir compromete.


A atitude de consolar apresentada como uma obra de misericórdia torna-se mais do que nunca uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.