Obras de Misericórdia Materiais


Vestir os nus

Nós somos chamados a ser discípulos de um Mestre que, segundo os Evangelhos, exortou: "Quem tem duas túnicas, dê uma ao que não tem" (Lc 3, 11a).


O apóstolo Tiago, escrevendo à comunidade que ele pastoreava, disse: "Se um irmão ou uma irmã não tiverem roupas nem o alimento de cada dia, e algum de vocês lhes disser: Vão em paz, aqueçam-se e alimentem-se, mas não lhes der o que é necessário para o corpo, de que adianta? Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma" (Tg 2, 15-17).


Recentemente, eu me deparei com uma situação muito triste. Eu percebi que uma senhora levava muitas roupas e sapatos para um bazar beneficente. O que a princípio parecia uma atitude louvável, na verdade era fruto de uma compulsão por comprar e uma forma disfarçada de esvaziar o guarda-roupa e a sapateira para sempre ter espaço para os artigos de suas compras nas frequentes visitas aos shoppings. Caridade? Obra de misericórdia? Eu acredito em uma partilha de bens, onde a atitude corresponde à intenção e à verdadeira motivação.


Em contrapartida, eu soube de algo edificante: uma pessoa, depois de observar que seu colega de trabalho, recém-contratado, usou a mesma calça por semanas, se deu conta de que era a única que ele tinha. Então, com muita sutileza e discrição para não humilhar o colega, ele o presenteou com uma calça jeans.