Jesus já nasceu como um desabrigado, quando lhe negaram um lugar na hospedaria, onde José e Maria procuravam abrigo para o parto (Lc 2,7).

Como a realidade dos tempos de Jesus era muito diferente da realidade atual, não é fácil, seguro ou prudente querer receber em nossas casas pedintes ou moradores de rua. Mas Deus inspira na Igreja obras de acolhimento, realizadas por padres, religiosos(as) e leigos(as), que nos permitem praticar essa obra de misericórdia, com nossa ajuda concreta.

Como cidadãos, cristãos ou comunidade, somos chamados a contribuir financeira e voluntariamente nesses serviços.

Não podemos isentar o poder público de uma política habitacional, pelo contrário, é nosso dever como cristãos estar atentos a isso, como obra de misericórdia. Porém, eu conheço muitos casos de famílias nos grandes centros que recebem pessoas vindas do interior até que elas se estabeleçam economicamente.

Sem forçar o sentido dessa obra de misericórdia, não poderíamos entendê-la de uma forma mais ampla, como por exemplo, simplesmente "acolher" na vida familiar, na convivência, no afeto, no tempo dedicado? Na escravidão de compromissos intermináveis e espaços curtíssimos entre uma novela e outra, não seria possível arrumar um tempo e simplesmente se dispor a "acolher"?